A foto retirada da página "Jornalismo da Depressão" |
O que aconteceu no Rio, o Brasil todo já está cansado
de saber e eu não preciso relembrar. Mas a vontade de escrever sobre o assunto
veio quando notei que mais um colega de profissão nos deixava em razão da
grande violência. Mais um que morreu fazendo o que gosta.
Quando entrei na faculdade, lá em 2011, uma professora durante
a aula nos disse: “depois de Polícia Militar, jornalista é a profissão que mais
morre no Brasil”. Frase pra se pensar, né?
Santiago não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital (Arquivo Pessoal) |
Sendo jornalista presenciei a seguinte situação: o telefone
na redação toca e “manifestantes” nos avisam de um protesto em uma determinada
praça de pedágio. Colegas de trabalho se deslocam até o local e quando chegaram
lá, foram quase impedidos de registrar a “manifestação”. Tipo, oi? De manifestação
não tinha nada. O que acontecia no local era uma verdadeira cena de guerra.
Fogo, gás de pimenta e gritaria pra tudo quanto é lado.
Voltando à frase "O que falta neles é o amor, o amor
pelas pessoas, porque a gente não faz isso", a dor de Arlita é enorme. Mas a frase pode ser dita por nós, pelos jornalistas.
É claro que, como em toda área, pode ser que exista um
jornalista “filho da puta”, mas a grande maioria só pensa em transmitir uma
coisa boa para sociedade. Independente do veículo em que trabalha, nem que seja
pelo Facebook, o jornalista vai dar um jeito de mostrar os dois lados da
história. Sempre.
É certo que todos os estudantes de jornalismo, os grandes
jornalistas, a massa “jornalística”, está de Luto com a morte de Santiago. E de
certa maneira, com medo de sair para cobrir o que para nós, são as melhores pautas:
aquelas em que o povo quer dizer algo.
E não é certo. Não é certo eu ter medo de cobrir um
julgamento, porque posso ser agredida. Uma manifestação porque os vândalos –
sim é esse o nome – podem me atacar. Ir fazer qualquer pauta em uma periferia e
ter que chegar com “carro frio”, porque o chefão do tráfico pode não gostar. A
gente sabe que o perigo está aí, para todo mundo, não somos bestas. Mas a
violência acontece sempre por alguma razão e é exatamente isso que a gente quer
entender, mostrar e tentar melhorar. Afinal, há espaço para todo mundo...
E por favor, tenham mais amor, mais compreensão, porque a gente não faz nada
contra ninguém... Na verdade, somos mais uma “turma” lutando pelo bem...
Virgínia Alves
Virgínia Alves
O primeiro texto do blog novo, a gente não esquece.
ResponderExcluirSdd de tê-la na redação, pesteee :D
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