"O que falta neles é o amor, o amor pelas pessoas, porque a gente não faz isso"

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A foto retirada da página "Jornalismo da Depressão" 
Para o primeiro texto no blog, confesso que gostaria de ser mais alegre, mas diante dos acontecimentos, não será possível. A frase acima é de Arlita Andrade, mulher do cinegrafista que morreu após ser atingido por uma bomba, durante uma manifestação, no Rio de Janeiro.

O que aconteceu no Rio, o Brasil todo já está cansado de saber e eu não preciso relembrar. Mas a vontade de escrever sobre o assunto veio quando notei que mais um colega de profissão nos deixava em razão da grande violência. Mais um que morreu fazendo o que gosta.

Quando entrei na faculdade, lá em 2011, uma professora durante a aula nos disse: “depois de Polícia Militar, jornalista é a profissão que mais morre no Brasil”. Frase pra se pensar, né?

O que aconteceu com o cinegrafista Santiago, é triste... Porque só é jornalista e fica na profissão tanto tempo, quem realmente gosta do que faz. Jornalista tem isso mesmo, sabe? De gostar de adrenalina, de querer as melhores declarações, as melhores imagens... E por conta disso, hora ou outra, acaba sendo pego de “surpresa” pela violência. E o melhor ou pior de tudo é que todo jovem quando entra no mundo do jornalismo, tem um desejo só: de ser super-herói, de salvar o mundo.

Santiago não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital (Arquivo Pessoal)
O caso de Santiago ficou conhecido no Brasil todo e de acordo com os “Black Bloc”, foi “sem querer”. Nem todos os casos são expostos na mídia, todos os dias, mas diariamente os jornalistas são hostilizados na rua. Seja porque as pessoas querem aparecer, seja porque não querem.

Sendo jornalista presenciei a seguinte situação: o telefone na redação toca e “manifestantes” nos avisam de um protesto em uma determinada praça de pedágio. Colegas de trabalho se deslocam até o local e quando chegaram lá, foram quase impedidos de registrar a “manifestação”. Tipo, oi? De manifestação não tinha nada. O que acontecia no local era uma verdadeira cena de guerra. Fogo, gás de pimenta e gritaria pra tudo quanto é lado.

Voltando à frase "O que falta neles é o amor, o amor pelas pessoas, porque a gente não faz isso", a dor de Arlita é enorme. Mas a frase pode ser dita por nós, pelos jornalistas.

É claro que, como em toda área, pode ser que exista um jornalista “filho da puta”, mas a grande maioria só pensa em transmitir uma coisa boa para sociedade. Independente do veículo em que trabalha, nem que seja pelo Facebook, o jornalista vai dar um jeito de mostrar os dois lados da história. Sempre.

É certo que todos os estudantes de jornalismo, os grandes jornalistas, a massa “jornalística”, está de Luto com a morte de Santiago. E de certa maneira, com medo de sair para cobrir o que para nós, são as melhores pautas: aquelas em que o povo quer dizer algo.

E não é certo. Não é certo eu ter medo de cobrir um julgamento, porque posso ser agredida. Uma manifestação porque os vândalos – sim é esse o nome – podem me atacar. Ir fazer qualquer pauta em uma periferia e ter que chegar com “carro frio”, porque o chefão do tráfico  pode não gostar. A gente sabe que o perigo está aí, para todo mundo, não somos bestas. Mas a violência acontece sempre por alguma razão e é exatamente isso que a gente quer entender, mostrar e tentar melhorar. Afinal,  há espaço para todo mundo... E por favor, tenham mais amor, mais compreensão, porque a gente não faz nada contra ninguém... Na verdade, somos mais uma “turma” lutando pelo bem... 

Virgínia Alves 


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